Ecoar-se aos Cantos: A coralidade das vozes na trilogia Cantos de trabalho (1975-76)

Palavras-chave: Cinema, coro, coralidade, Leon Hirszman, cantos de trabalho

Resumo

Com base em teorias acerca da coralidade nos estudos do som, do teatro e do neorrealismo italiano, este artigo analisa as aparições de vozes em conjunto na trilogia Cantos de trabalho (1975-76) de Leon Hirszman. Defende-se que a coralidade se instaura paradoxalmente nas obras tanto como manifestação espontânea de instâncias separadas em conjunto quanto coletivo fantasmático, alucinado ou encenado, dessas mesmas instâncias. O artigo evidencia a coralidade como enriquecedora ferramenta de análise fílmica num âmbito geral, expandindo o corpus cinematográfico e os suportes artísticos em que o termo foi historicamente utilizado e compreendendo-o como uma aparição potente no cinema. Na trilogia de Hirszman, aponta-se para uma coralidade que evidencia, através de suas vozes coletivas, uma relação de trabalho no campo que integra de forma solidária, embora contraditória, terra, esforço e comunidade.

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Publicado
2022-07-05