O idoso e a jaula de vidro: Adolf Eichmann e a migração de uma iconografia sub e sobredeterminada
Resumo
Este artigo discute a imagem de Adolf Eichmann, que assombra os ecrãs desde o seu rapto espectacular na Argentina. Caracterizado por uma ausência de imagens de arquivo do período Nazi e por uma abundância de imagens do julgamento de Jerusalém em 1962, o homem na jaula de vidro é um exemplo interessante do papel das imagens de arquivo na memória cultural e na medialidade da história. Eichmann é analisado enquanto "fenómeno mediático" nas suas diferentes dimensões: primeiro, através de um estudo semiológico das duas imagens icónicas que se tornaram "super signos" do Holocausto e que geraram narrativas contraditórias; depois, uma análise exaustiva dos filmes produzidos sobre Adolf Eichmann e das perspetivas temáticas e narrativas por eles adotadas; uma análise dos três filmes feitos depois da queda do Muro de Berlim e da sua relação com a memória nacional alemã; e, finalmente, uma discussão do motivo central da jaula de vidro e da sua migração para outros contextos fílmicos, dando a Eichmann uma presença mais vasta na cultura popular.