Atenção, por favor. Negociando Concentração e Distração nos anos 70
Palavras-chave:
Distração, concentração, cinema expandido, filme estrutural, recepção, temporalidade, Anthology Film Archive, Stan VanDerBeek
Resumo
Como apontado por diversos autores, nas últimas duas décadas museus e galerias tornaram-se locais de exposição de um número cada vez maior de obras de arte que usam a imagem em movimento. Para contrastar as condições de recepção no espaço convencional do cinema e nos locais de exposição de arte, os comentadores costumam enfatizar os parâmetros espaciais das instalações que possibilitam ao espectador deambular livremente, enquanto a audiência nos cinemas é restringida a um local fixo em seu assento. Este artigo procura reavaliar essa constelação ao focalizar nos diferentes protocolos e regimes temporais inerentes aos espaços do cinema e do museu/galeria. Baseando-se num ensaio de Georg Simmel (2009) e no conceito de “recepção distraída” de Peter Osborn (2004), argumenta que exibições de arte podem ser caracterizadas como espaços que confrontam o espectador com uma multiplicidade de opções e estímulos sincrónicos. A arquitetura do cinema oferece, por outro lado e, como Hollis Frampton indicou em 1968, “o único lugar que sobrou na nossa cultura que visa exercitar de forma concentrada um, no máximo dois, dos nossos sentidos”. Revisitando um dos momentos canônicos da pre-história do “filme de artista”, este artigo estuda o início dos anos 70, quando o cinema expandido e o filme estrutural propunham novas respostas à ideias acerca da recepção concentrada ou distraída.
Publicado
2014-05-31
Secção
Dossier Temático