De Kant a Jean-Luc Nancy: Apontamentos sobre a problemática do sublime
Resumo
Este ensaio aborda o estatuto da categoria filosófica do sublime no espectro da atual reflexão sobre estética. O seu percurso desenvolve-se em três momentos. Em primeiro lugar, desenharemos uma breve arqueologia do conceito, expondo, designadamente, o seu aparecer no pensamento de Kant, tal como as influentes releituras dos filósofos franceses Jacques Derrida e Jean-François Lyotard, declaradamente marcadas por um ajustamento problemático do sublime sob referência às categorias do impossível e do inapresentável, i.e., do sublime como culminação de um experiência que nenhuma forma ou conceito poderão preencher. Em segundo lugar, sob a lente de Jean-Luc Nancy, procuraremos dar conta de uma inflexão decisiva no enquadramento contemporâneo do problema, agora referido, segundo o autor, já não à doação de um impossível, um inapresentável, mas ao acompanhamento de um ilimitado que perpetuamente se oferece no limite de uma figura. Em terceiro lugar, examinaremos, sucintamente, as condições de reversibilidade e atualização dos pressupostos de Nancy no espaço cinematográfico de Pedro Costa. Nessa sede, procuraremos enquadrar a apresentação dos corpos humanos sob referência à dominante modal e generativa que os atravessa e distingue, finalmente, como figuras sublimes.