Memórias no presente: Afecto e espetralidade em imaginários aquáticos contemporâneos

  • Irene Depetris Chauvin Universidad de Buenos Aires, CONICET, Facultad de Filosofía y Letras, Instituto de Literatura Hispanoamericana, 1002, Buenos Aires
Palavras-chave: Cinema, Paisagem, Memória, Água, Espetralidade

Resumo

A partir de abordagens recentes sobre geografias afetivas e sobre as ligações entre memória e espetralidade, este artigo analisa os imaginários aquáticos de um conjunto de obras argentinas e chilenas: trabalhos audiovisuais, fotografias e instalações como El botón de nácar (Patricio Guzmán, 2015), Los durmientes, El exilio imaginado (Enrique Ramírez, 2012-2014), Las aguas del olvido (Jonathan Perel, 2013) delineiam uma “cartografia afetiva” que cria formas de “estar juntos” na perda. As obras de Patricio Guzmán, Enrique Ramírez e Jonathan Perel aludem aos chamados "vôos da morte" e ao terrível uso que as ditaduras da Argentina e do Chile fizeram do Rio da Prata e do Oceano Pacífico para "descartar" dissidentes e "afogar" a verdade – ao mesmo tempo que transgridem os limites geográficos e históricos convencionais. Estes filmes, vídeos e instalações subvertem cartografias estabilizadoras e servem-se do anacronismo para refletir acerca dos significados contraditórios da água enquanto fonte de vida, epicentro de culturas e cemitério tanto das vítimas das ditaduras quanto de grupos indígenas e de migrantes contemporâneos. Por outro lado, estas obras insistem numa "estética dos afetos" que torna possível “tocar” eventos, espaços ou assuntos esquecidos e construir pontes entre diferentes memórias e geografias no presente.

Biografia Autor

Irene Depetris Chauvin, Universidad de Buenos Aires, CONICET, Facultad de Filosofía y Letras, Instituto de Literatura Hispanoamericana, 1002, Buenos Aires

Irene Depetris Chauvin doutorou-se em Estudos Românicos pela Cornell University em 2011, com uma dissertação acerca de representações da juventude na sua relação com os discursos neoliberais nos casos da Argentina, Brasil e Chile. Trabalha actualmente como investigadora na Universidad de Buenos Aires e no Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), num projecto que explora as intersecções entre deslocamento, espaço e afectos em filmes argentinos, brasileiros e chilenos da última década. Publicou artigos sobre as relações entre juventude, cultura de mercado e afectos na narrativa e no cinema contemporâneos, sobre estudos de memória e sobre imaginários urbanos e geográficos.

Publicado
2016-11-08
Secção
Dossier Temático