O repeat viewing no contexto do metacinema

Autores

  • Fátima Chinita Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Teatro e Cinema, Departamento de Cinema, 2700-571 Amadora / C.I.A.C. – Centro de Investigação em Artes e Comunicação (Ualg)

DOI:

https://doi.org/10.14591/aniki.v1n2.34

Palavras-chave:

Repeat viewing, metacinema, discurso autoral, meta espetador, metacineasta

Resumo

Partindo da explicação daquilo que neste ensaio se entende por “metacinema” e a sua relevância como discurso autoral sobre a sétima arte, aborda-se o fenómeno do visionamento múltiplo de uma mesma obra (aspeto conhecido em inglês como “repeat viewing”). Este fenómeno permite um contato privilegiado entre o meta espetador, propenso a aderir em maior grau aos metafilmes, e o meta realizador, inclinado a construir uma carreira em torno da execução dos mesmos. Em causa está o visionamento e o fabrico de obras, direta ou indiretamente, especializadas no universo cinematográfico. 
A mediação do dispositivo cinematográfico na projeção em sala ou a apropriação de novas e cada vez mais versáteis tecnologias de captação e reprodução audiovisual permite transformar o vidente cinéfilo num utilizador compulsivo, conferindo ao cinema atualmente uma dimensão háptica que ele não detinha da mesma forma anteriormente. O espetador apropria-se de obras criadas por outrem, atribuindo-lhes uma nova forma e um novo sentido, mas dentro de um contexto cinéfilo. Inversamente, o criador é voluntariamente apropriado pela indústria, permitindo o consumo de si mesmo nas edições em videograma e trabalhando internamente as obras e os seus mecanismos formais e narrativos para geraram maior e mais multiplicadas formas de consumo junto dos espetadores. Assim se fomenta uma jornada que não é do herói, mas sim do vidente. 
Para concluir, defende-se que a maior acessibilidade fílmica permitida pela disseminação de novas janelas de consumo cinematográfico incrementa o repeat viewing e uma apropriação cada vez maior das obras, mas em contrapartida, pode desencadear a nulidade do discurso metacinematográfico e o esboroar do metacinema como tal.

Biografia Autor

Fátima Chinita, Instituto Politécnico de Lisboa, Escola Superior de Teatro e Cinema, Departamento de Cinema, 2700-571 Amadora / C.I.A.C. – Centro de Investigação em Artes e Comunicação (Ualg)

Nascida a 10/5/1967. Mora em Lisboa e lecciona na E.S.T.C. há 17 anos. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (U.L.), Bacharel em Cinema (E.S.T.C. - I.P.L.), Mestre em Ciências da comunicação (U.N.L. - F.C.S.H) e doutorada em Estudos Artísticos (U.L.).

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Publicado

2014-03-14

Edição

Secção

Ensaios