Uma certa tendência (nostálgica) do slow cinema
Resumo
O slow cinema é uma das tendências do cinema contemporâneo mais interessantes dos últimos anos. Esta categoria tenta agrupar um grupo heterogéneo de cineastas pós-narrativos de diferentes nacionalidades que utilizam, principalmente, uma duração dos planos muito elevada e formas pouco narrativas ou não-narrativas nos seus filmes. Apesar da clareza terminológica da categoria, a mesma tem gerado vários debates e polémicas sobre a sua estética temporal e a sua genealogia. Este artigo faz uma revisão crítica das várias correntes teóricas do slow cinema para tentar expor os seus pontos de encontro e diferenças. Também se analisam algumas obras representativas desta tendência com a intenção de demonstrar a evidente melancolia primitiva que subjaz nelas e traçam-se possíveis vínculos teóricos com os movimentos Slow Down. Para finalizar, defende-se a necessidade de uma estética da lentidão que não consista apenas na tranquilidade e na calma, nem numa simples inversão da velocidade, mas sim numa busca de sensoriaidade, numa representação do quotidiano ou numa crítica da razão da História.