Arte para o Apocalipse: as esculturas de Frink no filme The Damned

Autores

  • Susan Felleman University of South Carolina, Department of Art, McMaster College, Columbia, SC 29208

DOI:

https://doi.org/10.14591/aniki.v1n2.82

Palavras-chave:

Joseph Losey, Elisabeth Frink, The Damned, These Are the Damned, escultura no cinema

Resumo

Colocado na lista negra e exilado, o diretor americano Joseph Losey terminou The Damned (Os Condenados) na Inglaterra em 1961; porém a produtora Hammer films somente o estreou em 1963 (com cortes severos) e só foi distribuído nos Estados Unidos em 1965, com mais alterações e com outro título: These are the Damned (Estes são os condenados). Baseado no romance The Children of Light (As Crianças da Luz), de H.L. Lawrency, e adaptado por Evan Jones, The Damned é um estranho híbrido entre ficção científica, horror e comentário social que, de certa forma, antecipa A Clockwork Orange/Laranja Mecânica de Stanley Kubrick. Com bela fotografia da paisagem de Weymouth, em branco e preto, leva um estranho Americano – talvez um fugitivo – a um confronto violento com um gangue de “Teddy Boys”, e, finalmente, com um experimento governamental distópico com crianças radioativas. Dentre as profundas alterações realizadas em relação à narrativa do romance está o acréscimo de uma personagem principal: uma escultora, cujo estúdio à beira de um penhasco constitui um local central da trama. Além disso, suas obras são usadas como presságios visuais de um apocalipse social e tecnológico. Frey Neilson (Viveca Lindfors) foi especificamente idealizada para integrar as esculturas de Elizabeth Frink (1930-93), cujas figuras assustadas e perturbadas da mesma época consistem em pássaros antropomórficos, homens com asas, homens caídos, cabeças de cavalos e outras cifres mórbidas de medos existências. No filme, estas obras de bronze ou gesso refletem uma época de ansiedades, mesmo que a arte represente também uma alternativa de redenção, em contraste com o sangue-frio da bruteza do Teddy Boy (Oliver Reed) ou do intelecto do cientista do governo (Alexander Knox). Associadas aos sentimentos do pós-guerra que Herbert Read caracterizou como “a geometria do medo”, as obras de Frink possuem papel preponderante em The Damned, expressando o mal-estar psicossocial e os medos da geração do pós-guerra.

Biografia Autor

Susan Felleman, University of South Carolina, Department of Art, McMaster College, Columbia, SC 29208

Susan Felleman é Professora de História da Arte e Estudos de Cinema e Mídias na Universidade da Carolina do Sul. É autora de Real Objects in Unreal Situations: Modern Art in Fiction Films (Intellect 2014), cujo quarto capítulo foi adaptado para o artigo da Aniki; Art in the Cinematic Imagination (University of Texas 2006); Botticelli in Hollywood: The Films of Albert Lewin (Twayne 1997), “Source Hunting in a Dreamscape,” in David Lynch: The Unified Field (University of California, 2014), sendo que este último acompanhara a exposição da arte de Lynch na Pennsylvania Academy of Fine Arts, Publicou ainda inúmeros artigos, ensaios e capítulos de livro sobre cinema e arte.

Publicado

2014-05-31

Edição

Secção

Dossier Temático