O sexo e a política no texto estelar de Sônia Braga
Resumo
Partindo do filme Aquarius (Kléber Mendonça Filho, 2016), almeja-se estudar como se construiu a imagem pública de Sônia Braga aliando preceitos de liberação feminina e posicionamentos políticos. Pretende-se investigar como o “texto estelar” (Butler 1991) ligado à atriz fornece elementos para a construção e recepção de algumas das suas personagens, tipos esses associados a comportamentos engajados em diferentes fases da História do Brasil e do cinema brasileiro. A personagem de Aquarius atualiza a persona da atriz, fazendo dos demais personagens de Braga o manancial que instrui a construção do corpo, do estilo de atuação e do discurso fílmico em torno da atriz. Sônia Braga seria assim o resumo do “comportamento transgressor e libertário na época da abertura política” (Shaw e Dennison 2007) e seus papeis parecem alimentados pela expressão do desejo feminino como efeito político poucas vezes visto com tanta intensidade no cinema brasileiro.
Referências
Abreu, Nuno. 2006. Boca do lixo: cinema e classes populares. Campinas: Ed. Da Unicamp, 2006.
Anzaldúa, Gloria. 1987. Borderlands/La Frontera. The new mestiça. San Francisco: Aunt Lute Books.
Avellar, José Carlos. 1979. “A teoria da relatividade”. Em Em Anos 70: Cinema, organizado por Jean-Claude Bernardet, José Carlos Avellar, Ronaldo Monteiro, 63-96. Rio de Janeiro: Ed. Europa.
Bernardet, Jean-Claude. 1978. “Uma pornô grã-fina para a classe média”. Última Hora, 29 de abril de 1978.
Bergala, Alain. 2011. “Qu’est-ce qu’un grand cinéaste de la chevelure?” Em Brune/Blonde, organizado por Alain Bergala, 15-27. Paris: Cinémathèque Française/Skira Flammarion.
__________. 2006. Godard au travail. Paris: Cahiers du Cinéma/Ed. de l’Étoile.
Bessa, Karla. 2020. “Luz(es) del fuego: rebeldia e feminismos”. Cadernos Pagu 60: sem paginação. https://doi.org/10.1590/18094449202000600003.
Butler, Jeremy G. 1991. “Introduction”. Em Star Texts : Image and performance in film and television, organizado por Jeremy G. Butler, 7-16. Detroit: Wayne State University Press, 1991.
Da Silva, Alberto. 2014. “Sônia Braga: la beauté latine de la “vraie femme brésilienne” des années de la dictature”. Mise au point (6), sem paginação. https://doi.org/10.4000/map.1748.
Dennison, Stephanie. 2006. “The new Brazilian Bombshell : Sônia Braga, race and cinema in the 1970’s”. Em Remapping World Cinema: Identity, culture and politics in film, organizado por Stephanie Dennison, Song Hwee Lim, 135-143. London/New York: Wallflower Press.
__________. 2017. “As loiras: Brazil’s Screen Blondes”. Em Stars and Stardom in Brazilian Cinema, organizado por Tim Bergfelder, Lisa Shaw e João Luiz Vieira, p. 196-209. New York/Oxford: Berghahn.
__________. 2020. Remapping Brazilian Film Culture in the Twenty-First Century. London/New York: Routledge.
DeCordova, Richard. 1991. “The Emergence of the Star System in America”. Em Stardom: Industry of desire, organizado por Christine Gledhill, 17-29. London/New York: Routledge.
Hunt, Lynn. 1999. “Obscenidade e as origens da Modernidade. 1500 – 1800”. Em A Invenção da Pornografia. Obscenidade e as origens da modernidade, organizado por Lynn Hunt. São Paulo: Hedra.
Kroll, Jack. 1981. “Cannes: The Dream Bazaar”. Newsweek, 08 de junho de 1981.
Leal, João Vitor Resende. 2019. Pessoa, figura, presença: o personagem cinematográfico entre o narrativo e o sensorial. Tese (Doutorado em Meios e Processos Audiovisuais) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. doi:10.11606/T.27.2019.tde-14082019-143038. Acesso em: 2024-06-17.
Mantecon, Alfonso Ortega. 2021. Seducción y traición. Hacía uma história de la femme fatale en el cine. México, DF: Río Subterrâneo.
Morin, Edgar. 1989. As estrelas. Mito e sedução no cinema. Rio de Janeiro: José Olympio.
Moullet, Luc. 1993. La politique des acteurs. Paris: Cahiers du Cinéma.
Reis, Otaviano A. L.G, 2018. “‘Vai ter luta?’: Aquarius e algumas narrativas do cenário político brasileiro no pré-golpe de 2016”. Ilhas Literárias (Instituto de Letras, UFRGS, Porto Alegre); 472-278. Acesso em 17/06/2024. https://www.ufrgs.br/ppgletras/coloquiosularquipelagos/artigos.html.
Shaw, Lisa. Dennison, Stephanie. 2007. Brazilian National Cinema. New York: Routledge.
Vieira de Oliveira, Maílson. Reis Júnior, Antônio. 2017. “Tabu e Tarja: A ação da censura federal à pornochanchada nos anos 1970”. Revista Ars Historica, ISSN 2178-244X, nº14, Jan/Jun 2017, p. 17-38. Acesso em 21/10/2024. www.ars.historia.ufrj.br.
Filmografia
A bela da tarde [longa metragem, digital]. Real. Luis Buñuel. Espanha/França. 1967. 100min.
A dama do lotação [longa metragem, digital]. Real. Neville de Almeida. Brasil, 1978. 90min.
A moreninha [longa metragem, digital]. Real. Glauco Mirko Laurelli. Brasil, 1970. 96 min.
Aquarius [longa metragem, digital]. Real. Kleber Mendonça Filho. Brasil, 2016. 146min. Cópia consultada em formato DVD. Edição: Imovision, 2017.
Dona Flor e seus dois maridos [longa metragem, digital]. Real. Bruno Barreto. Brasil, 1976. 110 min.
Eu te amo [longa metragem, digital]. Real. Arnaldo Jabor. Brasil. 1981. 110min. Cópia consultada em formato DVD. Edição: Versátil, 2008.
Gabriela [longa metragem, digital]. Real. Bruno Barreto. Brasil/Itália, 1983. 99 min.
Luar sobre Parador [longa metragem, digital]. Real. Paul Mazursky. Estados Unidos/Brasil, 1988. 103min.
Meu adorável fantasma [longa metragem, digital]. Real. Robert Mulligan. Estados Unidos, 1982. 101 min.
Luz del fuego [longa metragem, digital]. Real. David Neves. Brasil, 1982. 102min.
O beijo da mulher aranha [longa metragem, digital]. Real. Hector Babenco. Estados Unidos/Brasil, 1985. 120min. Cópia consultada em formato DVD, edição HB, Europa, 2022.
O bandido da luz vermelha [longa metragem, digital]. Real. Rogério Sganzerla. Brasil, 1968. 92 min.
O som ao redor [longa metragem, digital]. Real. Kleber Mendonça Filho. Brasil, 2012. 131min.
Rebelião em Milagro [longa metragem, digital]. Real. Robert Redford. Estados Unidos, 1988. 117min.
Recife frio [curta metragem, digital]. Real. Kleber Mendonça Filho. Brasil, 2009. 24min.
Tieta do Agreste [longa metragem, digital]. Real. Carlos Diegues. Brasil, 1996. 115min. Cópia consultada em formato DVD. Edição: Sogepag, 2018.