Teoria dos Cineastas: uma abordagem para o estudo do cinema (prazo: 15 de dezembro de 2019)
A Teoria dos Cineastas é uma área de trabalho no âmbito dos estudos cinematográficos. Partindo de pressupostos deixados por Jacques Aumont, no seu livro As Teorias dos Cineastas, o campo de pesquisa que propomos visa centrar a investigação sobre cinema em torno das manifestações escritas, proferidas ou filmadas, entre outras possíveis, mas sempre dos próprios cineastas. Essencialmente, pretende-se que a produção de conhecimento sobre cinema tenha como principal ponto de apoio fontes diretas, ou seja, vindas dos próprios cineastas. De igual modo, a Teoria dos Cineastas apresenta-se como uma alternativa aos métodos mais clássicos de análise fílmica, em especial aos que se encontram ancorados em conceitos de diferentes áreas disciplinares, e promove uma renovação discursiva mais aproximada da poética da criação artística. Enquanto abordagem, a Teoria dos Cineastas procura compreender o fenómeno cinematográfico através do diálogo direto entre o académico e o cineasta. Este é aqui entendido num sentido alargado, englobando todas as figuras que participam no processo criativo fílmico, como o guionista, o montador, o diretor de som ou de imagem e não apenas o realizador.
A Teoria dos Cineastas configura tanto um enquadramento metodológico como uma abordagem às obras de cinema e ao labor fílmico. Este campo, que se encontra ainda numa fase de reflexão e consolidação, tem vindo a ser discutido e posto em prática no Grupo de trabalho homónimo da AIM – Associação dos Investigadores da Imagem em Movimento, assim como no Seminário Temático, também homónimo, da SOCINE – Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. Mesmo tendo já originado comunicações orais e textos coligidos nos três volumes editados por Manuela Penafria, Eduardo Tulio Baggio, André Rui Graça e Denize Correa Araujo (http://labcom-ifp.ubi.pt/tcineastas/), a questão da Teoria dos Cineastas continua a ser um campo metodológico de arquitetura aberta cujo trilho se revela enquanto se caminha.
Neste momento, de acordo com um objetivo de consolidação, procuramos essencialmente (mas não apenas) propostas que possam ancorar-se no caminho já percorrido. Quer-se com isto significar que entendemos este dossiê temático como um instrumento de trabalho seja para a problematização da abordagem Teoria dos Cineastas no seu alcance, amplitude e fragilidades, seja na sua operacionalização em contexto de aplicação prática sobre um ou vários cineastas, preferencialmente do cinema português e/ou brasileiro. Na sua problematização buscamos a possibilidade de realizar um “estado da arte” acerca das contribuições já realizadas neste campo, dos contributos e benefícios efetivos para os estudos sobre cinema. Na sua operacionalização, procuramos estudos que se iniciem com a discussão de uma metodologia passível de ser replicada. E que as conclusões possam fazer avançar a produção de conhecimento a respeito do cinema.
A seguir elencamos algumas sugestões de trabalho (contudo o âmbito do dossiê não se esgota nestas sugestões):
- Explanar e refletir sobre a(s) metodologia(s) da abordagem Teoria dos Cineastas
- Problematizar noções de “cineasta”, “teoria”, “fontes fílmicas” e “fontes não fílmicas” (como guiões, planificação, storyboard, desenhos…)
- Problematizar a aproximação e/ou distância entre a história oral, a teoria de autor e a abordagem Teoria dos Cineastas
- Operacionalizar a abordagem Teoria dos Cineastas evidenciando, também, a metodologia usada e o contributo para a teoria do cinema. Exemplos: 1) casos de estudo e problematização do processo criativo; 2) uma formulação teórica original sobre a figura do espectador que tenha como principal fonte de informação e de inspiração o pensamento e poética de cineastas; 3) discussão da filmografia (filmes concretizados e inacabados) de cineastas relevantes, preferencialmente, portugueses ou brasileiros.
Este Dossiê Temático é coordenado por Eduardo Tulio Baggio, Manuela Penafria e André Rui Graça.
Eduardo Tulio Baggio é doutorado pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) com a tese: Da teoria à experiência de realização do documentário fílmico. É docente nos cursos de Mestrado em Cinema e Artes do Vídeo e Bacharelado em Cinema e Audiovisual, ambos da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Integra os grupos de pesquisa Cinema: Criação e Reflexão (Unespar/ CNPq) e Kinedária: arte, poética, cinema, vídeo (Unespar/ CNPq), foi membro coordenador do Grupo de Trabalho Teoria dos Cineastas da AIM e é membro coordenador do Seminário Temático Teoria dos Cineastas da SOCINE. Atua também como cineasta com ênfase em documentarismo.
Manuela Penafria é doutorada pela UBI (Universidade da Beira Interior) sendo o livro O paradigma do documentário – António Campos, cineasta (2009) resultante de parte da sua tese de doutoramento. É docente nos cursos de 1º e 2º Ciclos em Cinema, na UBI. É membro do conselho editorial de revistas portuguesas e brasileiras, assim como membro da comissão científica de vários eventos nacionais e internacionais. É membro coordenador do Grupo de Trabalho “Teoria dos Cineastas” da AIM, co-editora da Revista DOC On-line e investigadora do Labcom – Comunicação e Artes.
André Rui Graça é doutorado pela University College London, com uma tese sobre o comércio do cinema português. É licenciado em Estudos Artísticos, pela Universidade de Coimbra e Master of Arts em Estudos Fílmicos pela University College London. Foi bolseiro de Doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. É atualmente consultor de projetos no setor empresarial e investigador integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra. Membro coordenador do Grupo de Trabalho “Teoria dos Cineastas” da AIM.
O prazo para submeter os artigos termina a 15 de Dezembro de 2019.
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