A Voz Neotênica: Possibilidades de voz não-fonocêntrica no cinema

  • Fabiana Bubniak Instituto Federal de Santa Catarina, Brasil
Palavras-chave: Cinema, voz, linguagem, infância, fonocentrismo

Resumo

Este artigo se situa no campo dos estudos da linguagem e propõe a existência de uma voz neotênica no cinema. Após uma revisão da literatura que trata de noções de voz, fala e silêncio, são discutidos conceitos de Jacques Derrida, Aristóteles, Steven Connor, Mladen Dolar e Jonathan Rée, bem como a definição de voz na psicanálise com base nas teorias de Jacques Lacan. A partir do conceito de infância da linguagem de Giorgio Agamben e de neotenia, torna-se possível conceituar a voz neotênica. Esta emerge quando se transcende o sentido (logos) e a materialidade (phoné), situando-se num hiato entre a língua e o discurso. A possibilidades dessa voz no cinema é explorada através da análise dos filmes Amor (2012) de Michael Haneke, Ela (2013) de Spike Jonze, Um Lugar Silencioso (2018) de John Krasinski, Bastardos Inglórios (2009) de Quentin Tarantino e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) de Woody Allen.

 

Referências

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Filmografia

Amor [longa-metragem] Dir. Michael Haneke. Les Films Du Losange. França, 2012. 127 mins.

Bastardos Inglórios [longa-metragem] Dir. Quentin Tarantino. Universal Pictures. EUA, 2009. 153 mins.

Ela [longa-metragem] Dir. Spike Jonze. Annapurna Pictures. EUA, 2013. 126 mins.

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa [longa-metragem] Dir. Woody Allen. Jack Rollins & Charles H. Joffe Productions. EUA, 1977. 93 mins.

Um lugar silencioso [longa-metragem] Dir. John Krasinski. Paramount Pictures, 2018. 216 mins.

Publicado
2023-01-20