O universo de coisas de Apichatpong Weerasethakul: A fenomenologia para além da relação entre o humano e o mundo

  • Julio Bezerra Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Comunicação, CEP 22290-240 Rio de Janeiro
Palavras-chave: Apichatpong Weerasethakul, Fenomenologia, Realismo Especulativo, Alfred North Whitehead

Resumo

De Misterioso objeto ao meio dia (2000) a Cemitério do Esplendor (2015), Apichatpong Weerasethakul faz cinema como quem intui uma melodia ou um tom. Ele dilata o tempo presente em uma sucessão de eventos e sensações simultâneos, instalando seus personagens e nós, espectadores, em um estado de perplexidade diante do mundo. Ele transforma os objetos e paisagens mais comuns em imagens inefáveis e enigmáticas, em zonas espectrais onde tudo é passageiro, fugaz e mutante, onde todos seres existem em um mesmo status ontológico. A fenomenologia nos ajuda a explorar este cinema, a responder às demandas que esses filmes parecem nos impor. No entanto, para atender plenamente aos mistérios de Apichatpong, temos de ir ainda mais longe na descentralização da humanidade. Temos de entrar em territórios não humanos. A fenomenologia precisa de ajuda quando ultrapassamos a questão do humano e do mundo. Nosso objetivo é propor um diálogo entre Maurice Merleau-Ponty e Alfred North Whitehead. Pensar com eles e Apichatpong é afirmar um ponto de partida diferente da teoria do cinema clássico e, ao fim, explorar sua aposta ontológica.

Biografia Autor

Julio Bezerra, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Comunicação, CEP 22290-240 Rio de Janeiro

Julio Bezerra realiza pesquisa de pós-doutorado na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez estágio pós-doutoral na Columbia University. Autor do livro Documentário e jornalismo: Propostas para uma cartografia plural (Garamond, 2013). É professor na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Jornalista e crítico de cinema, colaborou com uma ampla gama de publicações (Revista Programa, Revista de Cinema, Bravo!, Mosh, Cinética etc.). Curador das retrospectivas de Abel Ferrara (CCBB, 2012) Samuel Fuller (CCBB, 2013) e Jean Renoir (CCBB, 2016). Coproduziu e codirigiu a série Esquinas para o Canal Brasil (Globosat) e dirigiu os curtas E agora? (2014) e Pontos corridos (2017).

Publicado
2018-01-02