Mudar de Perspetiva: A Dimensão Transnacional do Cinema Português Contemporâneo
Resumo
O cinema português desenvolveu, década após década, uma tradição associada com uma série de constantes temáticas e estéticas que aparecem, como sinais de identidade, nas filmografias de vários de seus principais cineastas, como seriam, por exemplo, Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, Fernando Lopes, João César Monteiro, António Reis e Margarida Cordeiro, Pedro Costa ou Teresa Villaverde. A crítica cinematográfica costuma estudar as relações e semelhanças entre os filmes destes e doutros cineastas portugueses para assinalar os elementos que distinguem o cinema português doutros cinemas nacionais. Esta abordagem, no entanto, é incompleta no contexto da globalização e da pós-modernidade, quando o presente e o futuro dos cinemas nacionais depende da sua maior ou menor conexão com as grandes redes estéticas e económicas globais: assim, quanto maior for a conexão, maior será a distribuição desses filmes e, portanto, mais possibilidades terá um país e uma cultura de ocupar um lugar relevante na geopolítica do cinema. A partir desta lógica, o objetivo deste artigo é inverter a abordagem tradicional dos estudos sobre cinemas nacionais para explorar os vínculos transnacionais dos filmes e dos cineastas portugueses, a fim de compreender a sua posição dentro do sistema-mundo do audiovisual contemporâneo.