Da invisibilidade ao reconhecimento. Arquivo e memória cultural do genocídio ruandês
Resumo
Entre abril e julho de 1994, “o genocídio mais rápido da história” (Melvern, 2004) teve lugar no Ruanda. Um dos meios de comunicação através dos quais este genocídio adquiriu visibilidade foi o cinema. Assim, podemos afirmar que os vários títulos produzidos até agora formam um arquivo audiovisual no sentido em que não só estabeleceram formas, esquemas e motivos visuais de representação, mas também permitiram colocar em circulação uma interpretação do genocídio. Com este ponto de partida, este texto tem como objetivo estudar o arquivo de filmes sobre o genocídio ruandês usando o conceito de memória cultural: um tipo de memória que é mediada por textos, imagens, rituais, etc. (Assmann, 2011). Neste sentido, o cinema tornou-se um dos mais importantes meios contemporâneos para a construção e transmissão de memória cultural. Por outro lado, a dinâmica da memória cultura, enquanto forma ativa de memória, pode ser entendida através de um diálogo entre cânone e arquivo. Neste texto, investigaremos o arquivo do genocídio ruandês à luz daquele diálogo, que não foi sempre harmonioso, sendo também, por vezes, dissonante.