Um Cinema Nacional de Projecção Internacional: António Lopes Ribeiro nas décadas de 1930 e 1940
Resumo
António Lopes Ribeiro foi uma figura-chave do cinema português ao longo de mais de três décadas. Neste artigo, sigo o percurso do realizador desde meados dos anos 1920 até finais da II Guerra Mundial, apresentando e analisando os diversos projectos em que se envolveu com o intuito de criar um cinema nacional de projecção internacional. A chegada do sonoro fortaleceu este anseio. Para garantir a sustentabilidade económica da indústria cinematográfica e uma produção contínua Lopes Ribeiro acreditava ser necessário ampliar a distribuição para além dos mercados tradicionais, i.e. as colónias e as comunidades de emigração portuguesa no Brasil. Metodologicamente, esta investigação serve-se de documentos do fundo do Secretariado Nacional da Informação e do Arquivo Salazar, bem como outras fontes primárias, sobretudo hemerográficas, como o Diário de Lisboa e a Animatógrafo, revista especializada em cinema, além de um conjunto de cartas de Lopes Ribeiro dirigidas a António Ferro, provenientes da Fundação Quadros.
Referências
Agência Lusa. 2017. “O lado soviético do cinema em Portugal nos anos de 1920-1930”. Diário de Notícias, 23 de Outubro. https://www.dnoticias.pt/2017/10/23/225505-o-lado-sovietico-do-cinema-em-portugal-nos-anos-de1920-1930/.
Anónimo. 1932. “O êxito da subscrição pública”. Cinéfilo, nº 199, 11 de Junho, 3.
__________. 1933. “H. da Costa disse”. Movimento, nº 6, 15 de Setembro, 5.
__________. 1935. “Filmes exhibidos no Rio em Setembro”. Cinearte, nº 425, 15 de Outubro, 20.
__________. 1940. “O grande realizador francês Jean Renoir está em Lisboa”. Animatógrafo, 2ª Série, nº 4, 2 de Dezembro, 4.
__________. 1942. “As declarações de António Ferro”. Animatógrafo, 3ª Série, nº 65, 3 de Fevereiro de 1942, 2.
Assunção, Marcello Felisberto Morais de. 2015. “As relações culturais luso-brasileiras em perspectiva: da génese do ideário de comunidade à fundação da Revista Brasília (1822-1942)”. Revista Portuguesa de História 46: 281-300.
Barros, Joana Leitão e Mantero, Ana. 2919. Leitão de Barros: A biografia roubada. Lisboa: Bizâncio.
Bettencourt, Gastão. 1960. António Ferro e a política do Atlântico. Pernambuco: Edição de Autor.
CLNRF, Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista. 1990. Correspondência de Pedro Teotónio Pereira para Oliveira Salazar (1943-1944). Lisboa: Presidência do Conselho de Ministros.
Costa, João Bénard da. 1991. Histórias do Cinema. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.
__________, coord. 1995. 100 Anos de Cinema em Portugal. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
__________. 1996. O Cinema Português Nunca Existiu. Lisboa: CTT Correios de Portugal.
Cunha, Paulo. 2016. “Para uma história das histórias do cinema português”. Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento 3 (1): 36-45. https://doi.org/10.14591/aniki.v3n1.231.
__________. 2019a. “Quando o cinema português tentou ser ibérico e fascista”. À Pala de Walsh. Acesso a 20 de Março de 2023. https://www.apaladewalsh.com/2019/09/quando-o-cinema-portugues-tentou-ser-iberico-e-fascista/.
__________. 2019b. “Um fascista na terra dos sovietes”. À Pala de Walsh. Acesso a 2 de Fevereiro de 2023. https://www.apaladewalsh.com/2019/02/um-fascista-na-terra-dos-sovietes/.
Dias, Rebecca Ferreira, 2021. Uma Fita de Touros Irá Passar no Estrangeiro. Gado Bravo (1934) e o sonho de uma indústria cinematográfica europeia em Portugal. Dissertação de Mestrado. Lisboa: ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.
Ferro, António. 1950. Teatro e Cinema (1936-1949). Lisboa: Secretariado Nacional da Informação.
__________. s.d. “Proposta para um acordo cultural com Espanha”. Fundo Secretariado Nacional da Informação, cx. 564. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Lisboa.
Folgar de la Calle, José Maria. 2006. “Sobre Inés de Castro y Reina Santa, Películas Hispanoportuguesas de los años 40”. Porta da Aira: Revista de Historia del Arte Orensano 11: 547-561. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2483047.
González, Fernando. 2006. “El reinicio de la cooperación cinematográfica hispano-lusa – 1939-1944”. Secuencias: Revista de Historia del Cine 23: 36-66. http://hdl.handle.net/10486/3920.
Gonzaléz García, Fernando e Camporesi, Valeria. 2011. “Un ‘progreso em el arte nacional’? Ibérica Films en España, 1933-1936”. BSAA Arte LXXVII: 265-286. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3796382.
Hagener, Malte. 2014. “Gado Bravo”. Em O Cinema Português Através dos Seus Filmes, organizado por Carolin Overhoff Ferreira, 32-42. Lisboa: Edições 70.
Higson, Andrew. 2010. “Transnational developments in European cinema in the 1920s”. Transnational Cinemas 1 (1): 69–82. https://doi.org/10.1386/trac.1.1.69/1.
H. P. 1933. “Um caso sério de organização. O que tem sido o trabalho de conjunto para pôr de pé o filme A Canção de Lisboa”. Imagem, nº 83, 12 de Junho de 1933, 6.
León Aguinaga, Pablo. 2009. El cine norteamericano y la España franquista, 1939-1960: relaciones internacionales, comercio y propaganda. Tese de Doutoramento. Madrid: Universidad Complutense de Madrid.
Lourenço, António. 1933. “H. da Costa, o produtor de ‘Gado Bravo’, fala a Cinéfilo”. Cinéfilo, nº 262, 26 de Agosto, 26.
Mansilha, Augusto de. 1934. “O conflito sentimental em Gado Bravo”. Movimento, nº 16-17, Fevereiro, 38.
Martin, Benjamin George. 2011. “European Cinema for Europe! The International Film Chamber, 1935-42”. Em Cinema and the Swastika. The international expansion of Third Reich cinema, editado por Vande Winkel e David Welch, 25-41. Londres: Palgrave Macmillan.
Martins, João Paulo de. 1998. Cottinelli Telmo. Lisboa: Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.
Matos-Cruz, José de. 1981. O Cais do Olhar: Fonocinema português. Lisboa: IPC.
__________. org. 1983. António Lopes Ribeiro. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
__________. 1989. Prontuário do Cinema Português 1896-1989. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
Monguilot Benzal, Félix. 2015. Coproducción y colaboración cinematográfica hispano-italiana durante los años 1939-1943. Tese de Doutoramento. Murcia: Universidad de Murcia.
Morettin, Eduardo. 2021. “A recepção de A Revolução de Maio no Brasil: momentos históricos (1938, 1941 e 1947)”. Em Cinema Lusófono. Uma coletânea do Grupo de Pesquisa Luso Brasileiro do Audiovisual, organizado por Cristiane Pimentel Neder e Izabel Cristina Taceli, 193-207. Porto Alegre: Editora Fi.
Nieves, Jose Antonio. 1942. “Intercambio cinematográfico hispanolusitano”. Primer plano, nº 93, 26 de Julho, 4.
Nogueira, Eduardo. 1934. “Uma entrevista com H. da Costa”. Movimento, nº 16-17, Fevereiro, 10.
Pena Rodríguez, Alberto. 2009. “El icono cinematográfico del Estado Novo Salazarista: A Revolução de Maio (1937)”. Revista historia y comunicación social 14: 295-312. http://revistas.ucm.es/index.php/HICS/article/view/HICS0909110295A/18864.
__________. 2017. Salazar y el fascismo espanõl. Propaganda franquista y Salazarista en la colonia española en Portugal (1933-1939). Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
Pereira, Wagner Pinheiro. 2013. “1930-1939: O Cinema Português de Salazar”. Em Cinema Português: Um guia essencial, organizado por Paulo Cunha e Michelle Sales, 93-137. São Paulo: SESI-SP Editora.
Piçarra, Maria do Carmo. 2011. Salazar Vai ao Cinema II: a “Política do Espírito” no Jornal Português. Lisboa: Drella Design.
__________. 2020. Projectar a Ordem: Cinema do povo e propaganda salazarista, 1935-1954. Caxias: OsPássaros.
__________. 2021. “O Triunfo da Acção: Projectar a Reconquista Cristã”. Estudos em Comunicação 33: 229-243. http://doi.org/10.25768/20.04.03.33.11.
Pina, Luís de. 1977. A Aventura do Cinema Português. Lisboa: Veja.
__________. 1986. História do Cinema Português. Mem-Martins: Publicações Europa-América.
__________. 1987. Aníbal Contreiras. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
Pina, Luís de e Matos-Cruz, José de. org. 1982. Arthur Duarte: 1895-1982. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
Pinto, Afonso Manuel Freitas Cortez. 2015. Portugal (1928-1968): Um filme de J. Leitão de Barros. Tese de Doutoramento, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Ramos, Jorge Leitão. 2011. Dicionário do Cinema Português 1895-1961. Lisboa: Editorial Caminho.
Ribeiro, António Lopes. 1929a. “Precisam-se ‘estrelas’ de cinema para uma tentativa portuguesa”. Diário de Lisboa, 2 de Março, 4.
__________. 1929b. “Os filmes de Varsóvia vistos pelo nosso redactor cinematográfico”. Diário de Lisboa, 29 de Maio, 3.
__________. 1930. “O cinema sonoro em Portugal”. Diário de Lisboa, 4 de Abril, 3.
__________. 1933a. “Arte e Comércio”. Animatógrafo, 1ª Série, n.º 5, 1 de Maio, 5.
__________. 1933b. “Nacionalismo”. Animatógrafo, 1ª Série, nº 10, 8 de Junho, 5.
__________. 1933c. “Produção Portuguesa”. Animatógrafo, 1ª Série, n.º 7, 15 de Maio, 5.
__________. 1934. “Carta Aberta a um Português d’Além-Mar”. Movimento, nº 26, 15 de Agosto, 21.
__________. 1941a. “Artigos de primeira necessidade”. Animatógrafo, 2ª Série, nº 32, 16 de Junho, 5.
__________. 1941b. “Colocação de filmes portugueses em Espanha e no Brasil”. 9 Novembro. Fundo Secretariado Nacional da Informação, cx. 724. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Lisboa.
__________. 1941c. “O cinema português perante o chefe, por António Lopes Ribeiro”. Animatógrafo, 2ª Série, nº 9, 6 de Janeiro, 5.
__________. 1941d. “Possibilidades dum cinema ibérico”. Animatógrafo, 2ª Série, nº18, 10 de Março, 5.
__________. 1943. “Relatório para António de Oliveira Salazar”. Janeiro. Arquivo Oliveira Salazar, PC-12E, cx. 662. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Lisboa.
__________. 1947. “Carta para António Ferro”. 9 Agosto. Fundo António Ferro/Fernanda de Castro, cx. 0029. Fundação António Quadros, Rio Maior.
__________. 1948. “Carta para António Ferro”. [8 de Fevereiro?] Fundo António Ferro/Fernanda de Castro, cx. 0029. Fundação António Quadros, Rio Maior.
__________. 1983. “Um filme em episódios. Tentativa de esboço autobiográfico”. Em António Lopes Ribeiro, organizado por José Matos-Cruz, 13-70. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
Ribeiro, Manuel Félix. 1973. Jorge Brum do Canto, Um Homem do Cinema Português. Lisboa: Cinemateca Nacional.
__________. 1983. Filmes, Figuras e Factos do Cinema Português 1896-1949. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.
Sá, Sérgio. 2013. Triunfos e Contradições da Vontade: Para uma releitura de Lopes Ribeiro e Leitão de Barros no contexto do cinema de propaganda. Tese de Doutoramento. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Salazar, António de Oliveira. 1938. “Instruções relativas a acordos culturais com Espanha”. 25 Maio. Arquivo Oliveira Salazar, PC-12D, cx. 661. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Lisboa.
Santos, Paula Marques dos e Amorim, Paulo. 2010. “As relações Portugal-Brasil na primeira metade do século XX (1910-1945)”. Em As Relações Portugal-Brasil no Século XX, coordenado por Fernando Sousa, Paula Santos e Paulo Amorim, 121-139. Porto: CEPESE/Fronteira do Caos Editores Lda.
Sempere Serrano, Isabel. 2003. “La aventura luso-española. Introducción al estudio de la coproducción cinematográfica hispanolusa de los años cuarenta”. Filmhistoria online 13 (3). https://revistes.ub.edu/index.php/filmhistoria/article/view/12510.
__________. 2012. “Las contradicciones de la colaboración cinematográfica hispano-lusa en los años cuarenta: el ejemplo de Inés de Castro”. Hispanic Research Journal 13 (4): 317-333. https://doi.org/10.1179/1468273712Z.00000000018.
SNI. 1948. Catorze Anos de Política do Espírito. Apontamentos para uma Exposição, apresentados no S.N.I. (Palácio da Foz) em Janeiro de 1948. Lisboa: SNI.
Souza, Carlos Roberto de. 2016. “A recepção brasileira a filmes portugueses durante o advento do sonoro (ou A Severa conquista o Brasil)”. Em Atas do VI Encontro Anual da AIM, editado por Paulo Cunha, Susana Viegas e Maria Guilhermina Castro, 227-236. Lisboa: AIM.
Torgal, Luís Reis. 1996. “Cinema e propaganda no Estado Novo”. Revista de História das Ideias, 18: 277-337.
__________. 2001. “Cinema, estética e ideologia no Estado Novo”. Estudos do Século XX, 1: 157-202.
__________. 2005. “‘Intelectuais orgânicos’ e ‘Políticos funcionais’ do Estado Novo (Os casos de António Ferro, Augusto Castro, João Ameal e Costa Brochado)”. Em Transformações Estruturais do Campo Cultural Português, 1900-1950, coordenado por António Pedro Pita e Luís Trindade, 235-253. Coimbra: Ariadne Editora.
__________. 2009. Estados Novos, Estado Novo: Ensaios de história política e cultural, 2 vols. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
__________, coord. 2011. O Cinema sob o Olhar de Salazar. Lisboa: Temas e Debates.