V Jornadas da AIM
6 Dezembro 2011| 14h30
LCV - Laboratório de Cinema e Vídeo
Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Universidade Federal Fluminense
Local: Real Gabinete Português de Leitura [mapa]
Programa
. Mario Cascardo (UFRJ): "Persistências em Juventude em Marcha, filme de Pedro Costa."
. Mônica da Silva Pereira (PURO-UFF): "A Filmografia do CPC"
. Tiago José Lemos Monteiro (UFF): "Isto é uma canção de baile que foi feita pra dançar: formas tradicionais e quadros de modernidade na produção de videoclipes pop/rock portuguesa dos anos 2000"
. Marcela Amaral (UFF):l "Encenações e Jogos de Cena - Formas de dissolução e novas construções do personagem no cinema contemporâneo"
Na permanente procura e divulgação de investigações sobre "imagem em movimento", a AIM decidiu promover as suas V Jornadas no Rio de Janeiro, em colaboração com o LCV - Laboratório de Cinema e de Vídeo da UERJ/UFF. Como primeira iniciativa fora de Portugal, a AIM decidiu convidar três investigadores locais que mantém alguma relação com temática portuguesas e solicitou a colaboração do Real Gabinete Português de Leitura. Também para sublinhar a diversidade de estudos que actualmente se desenvolve no Brasil sobre "imagens em movimento", os investigadores convidados trabalham em instituições e frequentam cursos diferentes. Pretende-se que estas sejam apenas as primeiras de várias Jornadas a realizar fora de Portugal que ponha em contacto investigadores a trabalhar com "imagens em movimento" e que enriqueça o debate e a troca de ideias dentro da comunidade de investigadores da AIM.
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COMUNICAÇÕES (abstracts e mini-bios)
Mario Cascardo (UFRJ) "Persistências em Juventude em Marcha, filme de Pedro Costa."
A presente pesquisa observa as formas como persistem certos temas no filme Juventude em Marcha (2006). O longa-metragem, que conclui a trilogia das Fontainhas, retoma imagens tanto dos filmes anteriores de Pedro Costa quanto de obras de outros artistas. A nossa hipótese é de que, através da montagem, do tratamento plástico, da sonorização e da mise-en-scene, imagens de diversos tempos históricos e ficcionais persistem na duração de Juventude em Marcha.
A partir desse pressuposto e do contexto (método, momento, tecnologia) em que o filme foi feito, entenderemos, em primeiro lugar, as afinidades existentes entre suas imagens e as imagens que lhe foram referenciais. Em segundo lugar, pensaremos a noção de persistência como um motivo formal de Juventude em Marcha, a partir do qual vários aspectos fílmicos poderão ser apontados e relacionados entre si.
[Mario Cascardo é mestrando na linha de pesquisa Tecnologias da Comunicação e Estéticas, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação Social da UFRJ. Graduou-se em Jornalismo na PUC-Rio, onde organizou os cineclubes CinePUC e CinePUC Brasil e participou da pesquisa de iniciação científica (Pibic/CNPQ) Estéticas do Real no Cinema Brasileiro Contemporâneo. Apresentou parte de sua pesquisa sobre o cinema de Pedro Costa no Socine de 2011. No mesmo ano, propôs ao Centro Cultural Banco do Brasil o projeto de mostra cinematográfica Portugal Interior, atualmente em fase de avaliação pelo instituto. É também músico e diretor de fotografia para vídeo e cinema, tendo realizado inúmeros curtas-metragens e trabalhos para televisão e internet.]
Mônica da Silva Pereira (PURO-UFF): "A Filmografia do CPC"
É recorrente a assertiva de que os anos Gulbenkian são de especial importância para o entendimento da história do cinema português. Por esta razão a presente pesquisa se propõe a listar, de forma não exaustiva, a produção do Centro Português de Cinema. A filmografia encontrada por mim até hoje do Centro Português de Cinema é muito variada, algumas fontes citam alguns filmes, outras fontes citam outros e alguns filmes são sempre citados, por isso para descrever a produção do CPC financiada pela Fundação Gulbenkian usarei como referência, algumas atas de reuniões entre a Fundação Gulbenkian e o CPC disponibilizadas pela Fundação equivalente ao período de 1968 a 1979. Além disso, analisaremos as diferentes fontes de financiamento e os valores para cada plano anual da produção do supracitado centro.
[Mônica da Silva Pereira é graduanda em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica- PIBIC no projeto Passagem da Comédia aos Anos Gulbenkian, sob a orientação do Professor Doutor Leandro José Luz Riodades de Mendonça no período de 2009 até o presente momento. Pelo currículo multidisciplinar, atua também como pesquisadora nos projetos: A Cadeia Produtiva da Cultura na Região Baixada Litorânea e Memorial do Tropeiro. O segundo resultará na constituição de um museu no município de Rio Grande-RS.]
Tiago José Lemos Monteiro (UFF) "Isto é uma canção de baile que foi feita pra dançar: formas tradicionais e quadros de modernidade na produção de videoclipes pop/rock portuguesa dos anos 2000"
A percepção hegemônica relacionada à música portuguesa, no Brasil, tende a se dar pela mediação de estereótipos relacionados a elementos da tradição musical lusa, nomeadamente no âmbito do fado e das manifestações rurais. O objetivo desta comunicação é investigar em que medida o pop/rock feito em Portugal a partir dos anos 2000 (cujo marco pode ser localizado no êxito midiático do Projeto Humanos) articula tais matrizes tradicionais a determinados quadros de modernidade, na consolidação de um imaginário híbrido e em sintonia com certos imperativos do universo pop global. A análise tomará por objeto alguns videoclipes representativos desta "nova vaga" pop, como "Dona Ligeirinha", do Diabo na Cruz, "A marcha dos Golpes", dos Golpes e "Um contra o outro", da Deolinda.
[Tiago José Lemos Monteiro é Doutorando em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense, Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006), e Bacharel em Comunicação Social (Radialismo) pela mesma instituição (2004). Desde 2010, atua como Professor efetivo do Curso de Produção Cultural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, responsável pelo setor de Audiovisual. Participa, ainda, como membro do LabCULT - Laboratório de Pesquisa em Culturas e Tecnologias da Comunicação na Universidade Federal Fluminense e encontra-se vinculado ao Núcleo de Pesquisa Comunicação e Culturas Urbanas do INTERCOM. Sua produção bibliográfica incluir artigos publicados nos periódicos E-Compós, Matrizes, Comunicação & Sociedade e ECO-Pós, bem como na Edição 2009 do Anuário Internacional de Comunicação Lusófona e na coletânea Comunicação e Música Popular Massiva (2006).]
Marcela Amaral (UFF):l "Encenações e Jogos de Cena - Formas de dissolução e novas construções do personagem no cinema contemporâneo"
Este seminário visa apresentar uma breve discussão sobre a mise-en-scène no cinema contemporâneo, a partir de noções relevantes como a criação do personagem no filme narrativo, sua composição, a abordagem da câmera e a construção da cena através do posicionamento e movimentação de atores e do uso da montagem. Apoiando-nos no conceito de "dissolução do personagem", proposto pelo teatrólogo Patrice Pavis (2000), nos três diferentes gêneros da ficção -- o romance, o teatro e o cinema --, e intentando um diálogo deste com as noções sobre a mise-en-scène no cinema, defendidas pelos teóricos Jacques Aumont e David Bordwell, e secundariamente com outros autores; busca-se identificar e discutir os efeitos de uma possível desdramatização no cinema, e de um conseqüentemente afastamento da tradição da mise-en-scène -- dispositivo de origem teatral, que se consolidou no cinema como modelo de representação e considerado por muitos autores como a arte deste meio.
[Marcela Amaral é mestranda do curso de Ciência da Arte, da Universidade Federal Fluminense, tendo atuado como professora nesta mesma instituição por quatro anos, ministrando as disciplinas de: edição, montagem, efeitos especiais, realização fílmica e direção cinematográfica. Atualmente ministra aulas como mestranda sobre os temas: cinema contemporâneo e mise-en-scène. É também orientadora e professora no Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea (LCICC), dirigido pela Profª. Draª. Martha de Mello Ribeiro, na UFF. Em trabalhos que já apresentou, destaca-se o artigo Alice Guy and the narrative cinema - Narrativity and pioneering in the early cinema, sobre a cineasta do período mudo, apresentado no 5º congresso Women and the Silent Screen e publicado em 2010. Atua também profissionalmente como assistente de direção em televisão e cinema, participando da realização de um longa-metragem, duas novelas, dois seriados e diversos curtas-metragens. Atua ainda como editora e finalizadora, especialmente em curtas-metragens e televisão.]