1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

I Jornadas da AIM
14 Junho 2010 | 17h
FCSH - Universidade Nova de Lisboa

[programa em pdf]

Localização e transportes:
Aud. 1 da Torre B - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - UNL - Av. de Berna, 26-C - Lisboa | Carris: 16, 26, 56 | Metro: Praça de Espanha (linha Azul), Campo Pequeno (linha Amarela)| Comboio: Entrecampos

As I Jornadas da AIM são organizadas em colaboração com o INET-MD, o IFL e o IHC, três Institutos de Investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Destinam-se a demonstrar, pela sua prática, os benefícios da reflexão e da discussão em comum, de que a AIM pretende ser o instrumento catalisador. Com uma periodicidade quadrimestral, as Jornadas da AIM terão lugar em diversos pontos do país, e em co-organização com diversos Institutos e Centros de Investigação, numa tentativa de mapear a diversidade da investigação universitária sobre a imagem em movimento. Nestas I Jornadas serão apresentadas três abordagens transdiciplinares da imagem em movimento, que a relacionam respectivamente com a antropologia, a filosofia e a música. As II Jornadas da AIM terão lugar em Outubro de 2010, em Coimbra.

------------------------

COMUNICAÇÕES

Catarina Alves Costa CRIA/FCSH-UNL
“A imaginação etnográfica e o cinema novo português”
A partir de alguns excertos de filmes, identifico a ruptura, no cinema novo português, relativamente aos modos anteriores, vindos do Estado Novo, de olhar a cultura popular. Trata-se de ver que lugar ocupa nestes filmes a tematização e emblematização da cultura popular e a representação do povo como universo qualificado e valorizado esteticamente, independentemente do género cinematográfico preciso: ficção, documentário, filme etnográfico, filme científico, etc. Interessa-me identificar como, durante um certo período da história do cinema português, se criaram imaginários ligados a uma certa ideia de povo, e que relevam não só de uma atitude estética, intelectual e política, mas também de um contexto social, histórico e ideológico.

[Catarina Alves Costa é antropóloga. Mestre em Antropologia Visual pela Universidade de Manchester, ensina no Departamento de Antropologia da FCSH nas áreas da Cultura Visual e Filme Etnográfico. Realizou, entre outros filmes, Senhora Aparecida (1994), Swagatam (1998) Mais Alma (2000), O Arquitecto e a Cidade Velha (2004), Nacional 206 (2009) Falamos de António Campos (2010). Actualmente, desenvolve o projecto de doutoramento “Representação da cultura popular no cinema português de vocação etnográfica”. ]

Susana Viegas IFL/FCSH-UNL
“A Filosofia do Cinema hoje: entre ilustração e filosofia”
Nesta apresentação, pretendo expor duas diferentes metodologias que ocupam um lugar de destaque na actual Filosofia do Cinema: o cinema como ilustração de ideias filosóficas e o cinema enquanto trabalho filosófico. Assim, em primeiro lugar, irei analisar a abordagem ao cinema como ilustração de ideias e argumentos filosóficos descrevendo, para tal, em que consiste esta possibilidade e quais as suas fragilidades. De seguida, e após analisar o conceito deleuziano de cinema cerebral, tentarei examinar alguns filmes de Michael Haneke e David Lynch de modo a colocar e avaliar a hipótese da criação de uma nova imagem do pensamento. O principal objectivo desta apresentação será o de, percorrendo as duas metodologias, ponderar criticamente o conceito de “filmosofia” defendido por Daniel Frampton.

[Susana Viegas é doutoranda em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa com o projecto de tese “Filosofia do Cinema: processos de criação de uma nova imagem do pensamento”. A sua investigação centra-se na Filosofia do Cinema em Gilles Deleuze e no cinema enquanto filosofia e epistemologia. É investigadora no Instituto de Filosofia da Linguagem e bolseira de doutoramento pela FCT.]

Manuel Deniz Silva INET-MD/FCSH-UNL
“Música, som e imagem em movimento”
Considerada durante muito tempo como um tema marginal, quer pela musicologia quer pelos estudos cinematográficos, a música no cinema começou a ser estudada como um objecto científico a partir dos anos 80, sobretudo no contexto universitário norte-americano e a partir do cânone do cinema clássico de Hollywood. Hoje constitui um campo de investigação bem estruturado a nível internacional, tendo evoluído para uma problematização não apenas do acompanhamento musical das longas-metragens de ficção, mas de todas as dimensões sonoras que se articulam com imagens em movimento, no cinema mas também na televisão, na arte vídeo, nos videoclips, nos jogos de computador ou na internet. O terreno investido por este novo campo de investigação foi necessariamente um terreno interdisciplinar. E como sublinhou Rick Altman, ao convocar metodologias e tradições analíticas diversas, o estudo do som associado à imagem em movimento permite pensar histórias alternativas, tanto do cinema como da música, a partir de um objecto que se constituiu sempre como uma dimensão híbrida e impura. Nestas histórias alternativas, não motivadas pelos objectos internos das disciplinas cinematográfica e musicológica, abre-se um espaço para uma outra compreensão das formas historicamente utilizadas para tornar a realidade visível e audível.

[Manuel Deniz Silva é investigador auxiliar do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança (INETMD), da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Licenciado em Ciências Musicais pela FCSH-UNL, doutorou-se em 2005 na Universidade de Paris 8 (St. Denis), com uma tese intitulada “‘La musique a besoin d’une dictature’: musique et politique dans les premières années de l’État Nouveau Portugais (1926-1945)”. Actualmente investiga a história da música no cinema em Portugal, da introdução do sonoro ao fim da ditadura (1931-1974).]