O documentário de arte no pós-guerra

  • Angela Dalle Vacche Georgia Institute of Technology, School of Literature, Media, and Communication, Atlanta, GA, 30332-0165
Palavras-chave: arte, ciência, objecto, acontecimento, cinema, pintura, Alain Resnais, André Bazin, Vincent van Gogh

Resumo

Na sequência do Holocausto e de Hiroshima, o estudo da criatividade humana tornou-se central para reestabelecer a humanidade na civilização moderna. Ao acompanhar de perto o documentário de arte, o crítico francês André Bazin escolheu esse gênero e sua relação com a pintura, ao ser essa a mais elitista das médias. No caso do filme Van Gogh (1948) de Alain Resnais, Bazin utilizou o encontro do cinema com a pintura como exemplo de uma simbiose entre os objetos das naturezas mortas e a capacidade de objetiva-los através da câmera. Os escritos do crítico sobre o documentário de arte foram guiadas também pela vocação antropológica e cosmológica do cinema. Ao fazer da moldura pictórica a tela do cinema, o Van Gogh de Resnais decentraliza o espectador, dando-lhe acesso a um mundo introspectivo de paisagens e interiores onde o próprio pintor é um participante ausente ou uma figura anónima em vez de um protagonista em controle. Enquanto os autorretratos de Van Gogh são esquivos e as metáforas científicas de Bazin vitalistas, a psicologia humana e sua profundidade permanecem misteriosos, bem como a criatividade da natureza do nosso planeta e a origem de vida no cosmos.

Biografia Autor

Angela Dalle Vacche, Georgia Institute of Technology, School of Literature, Media, and Communication, Atlanta, GA, 30332-0165

Dr. Angela Dalle Vacche  é professora na Escola de Literatura, Médias e Comunicação (GaTech/LCC). Originalmente de Veneza, Itália, ela vive nos Estados Unidos desde 1978 onde realizou o seu doutorado em Estudos de Cinema na Universidade de Iowa, em 1985. Desde então ela leccionou cinema internacional e europeu no Vassar College, Yale University, e no Instituto de Tecnologia de Geórgia, onde é diretor dos Estudos de cinema Italianos, um curso de verão de seis semanas, idealizado pel GaTech/LCC e a Universidade de Udine-Gorzina, na Itália. Ela é especialista no primeiro cinema, em cinema e as artes visuais, cinema europeu, cor, e ela está interessada no estudo do cinema francófono do Oeste africano. No GaTech ela tem organizado mostras de cinema francês, japonês e africano. No New York Film Festival de 2000 ela foi curadora da Sociedade de Cinema do Lincoln Center e da Cinemateca de Bologna na retrospectiva “Silent Divas”, considerado o melhor de 2000 no ArtForum.  Recebeu bolsas e fellowships (Fulbright, Mellon, Rockefeller, Leverhulme), ela é membro vitalício do Whitney Humanities Center na Yale University. Ela é autora, entre outros, de: The Body in the Mirror: Shapes of History in Italian Cinema, Princeton 1992; Cinema and Painting: How Art is Used in Film, U of Texas Press, 1996; Diva: Defiance and Passion in Early Silent Cinema, U of Texas, CHOICE AWARD 2008;  editora de The Visual Turn: Film Theory and Art History, Rutgers, 2002; Film, Art, New Media: Museum without Walls, Palgrave, 2012; e ela editou um livro com Brian Price, Color in Film, Routledge, 2006. Dalle Vacche está trabalhando no seu quarto livro: ANDRE BAZIN: ART, FILM, SCIENCE, 1945-1958.  Ela é membro fundador de CINEMARTS da Society of Cinema and Media Studies (SCMS); em 2007 ela foi Distinguished Professor at Birckbeck College, University of London. Dalle Vacche leccionou como professora visitante em Paris, Viena, Athens, Cambridge, Roma, Montreal, Dublin, Cork, London, Helsinki, e Portugal.

Publicado
2014-06-21
Secção
Dossier Temático