Jogo e conspiração em Hollywood: o Portugal que não foi
Resumo
A Segunda Guerra Mundial foi um ponto de viragem na construção de um discurso acerca de Portugal que foi disseminado pela ficção audiovisual norte-americana e, por extensão, na forma como a cultura de massas imaginou este país no contexto internacional durante a ditadura do Estado Novo. Este artigo analisa os argumentos de dois projetos da Warner Brothers – The Gamblers (escrito em 1942, não rodado) e The Conspirators (escrito e produzido em 1943/1944) –, concluindo que a influência de Washington no sentido de alinhar o cinema com a propaganda de guerra e, sobretudo, a lógica de produção de ficção de Hollywood contribuíram para obscurecer na imagem de Portugal então moldada (e subsequentemente replicada) o que poderia ter sido uma visão mais crítica da neutralidade portuguesa, da ditadura salazarista e da própria história do país.